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De mãe pra mãe

Hoje, no primeiro "De mãe pra mãe", tenho muito orgulho de compartilhar com vocês a história da Lídia Silva... Uma história de amor, superação e recomeço. 


"Bom, hoje eu estou aqui para contar um pouco sobre a minha experiência como mãe.

    A minha história é longa e não começa muito bem, mas tem um final que pode trazer um pouquinho de esperança para quem deseja viver esse amor e por algum motivo no meio do caminho, desistiu, ou retrocedeu. Espero que gostem!

    Tudo começou quando eu decidi me casar no ano de 2011. Eu sempre fui uma moça extrovertida e namoradeira e nunca tive vontade de me casar, mas então conheci o meu atual esposo, Renato que me fez querer viver com uma só pessoa o resto dos meus dias. No dia 03/09/2011, nos casamos. Eu era muito inexperiente e estava aprendendo a viver sem a presença e os limites dos meus pais. Nós ainda não tínhamos todos os móveis em casa, pagávamos as contas do casamento ainda, enfim as coisas estavam um pouco confusas, mas naquele período estava começando a nossa “lua de mel” tempo em que todo casal recém casado está nas nuvens e nada incomoda.
    Pois foi bem aí, mais ou menos três meses depois de trocar as alianças, que eu descobri que estava grávida de quatro semanas, sim eu desesperei! Comecei a pensar em tudo o que estava acontecendo e pirei, eu nem sabia como ser uma dona de casa e agora deveria saber ser mãe? Renato ficou assustado, mas logo em seguida já era pai, estava radiante já falava com a minha barriga, era só festa.
    Nos três primeiros meses eu fiquei muito apreensiva, retraída, por que além de ter que lidar com todas as minhas dúvidas e medos e com o meu corpo em mudança, ainda tive que lidar com o julgamento das pessoas que faziam contas para saber se eu casei grávida... Mas essa fase passou e eu descobri que o bebê que eu esperava era um menino e então foi só alegria, eu amei a ideia, ficamos todos em festa foi maravilhoso, comecei a comprar umas coisinhas e tudo corria bem.

   
 Alguns meses depois fui fazer o exame morfológico, minha mãe me acompanhou nesse dia e ainda na porta do consultório eu não me sentia muito bem, meu coração estava meio apertado, foi então que a porta se abriu e o médico me chamou, o exame estava indo muito bem eu estava particularmente emocionada em ver o meu bebe grandinho. Foi quando o Dr. começou a examinar o coração do bebê e parou naquela imagem por longos minutos e em silêncio analisou e voltou a analisar, então eu que não podia mais resistir àquele suspense perguntei: - está tudo bem? E ele com um olhar bem solidário respondeu que não, mas não quis dar detalhes, só informou que o coração do meu bebê não havia se formado com perfeição e que minha obstetra me explicaria tudo no dia seguinte. Ele não entrou em detalhes e se despediu de mim já me consolando , pedindo que eu tivesse calma. Já sai dali em prantos e aquela foi a noite mais longa da minha vida.
    No dia seguinte voltei ao consultório para falar com minha obstetra e as palavras dela foram: - “Lídia, o seu bebezinho tem uma vida muito frágil e talvez ele não viva até o final da gestação, vou te encaminhar para um especialista em gestação de alto risco, mas é muito difícil que você chegue ao final dessa gravidez com o seu bebê vivo”. Ela me explicou tudo e quando eu desabei na frente dela, ninguém conseguiu ficar com os olhos secos, dentro do consultório chorei muito!
     Desse dia em diante toda semana eu tinha consultas e em todas, as noticias eram as piores, o meu bebê estava inchado, com liquido demais acumulado no corpinho, e aquela sensação de não poder fazer nada por ele me matava, eu já era mãe, digo, já me sentia mãe e o amava como não amava a mais ninguém, e eu viva na expectativa de sua morte. Agora eu deveria aprender a ser esposa, dona de casa, mãe e ainda deveria aprender a lidar com aquela situação, só que ninguém nasce com essa habilidade, eu estava completamente só, ou me sentia assim.
      Vou pular para o final da história que é realmente muito longa e dolorosa, bem, então como em um milagre, Miguel (nome que escolhemos foi baseado na bíblia, Miguel na bíblia é nome de um anjo guerreiro) sobreviveu até o final da gestação contrariando todas as opiniões dos médicos e com 36 semanas ele nasceu. Na sala de parto era um silêncio mortal, todos eram solidários ao meu momento, pois havia possibilidade do Miguel nascer morto, ou nascer e morrer, ou ainda nascer deformado, mas não, ele nasceu perfeito e lindo! Os médicos que pediram para o Renato não fotografar aquele momento deixaram que ele tirasse fotos do nosso menino e foi assim que eu o conheci, pois logo que saiu da minha barriga já foi encaminhado para o CTI. Passei aquela noite em claro não pude me levantar para ficar com ele.


      No dia seguinte fui ao CTI logo cedo para vê-lo e eu não conseguia sentir tristeza por que ele era tão lindo e estava ali tão pertinho de mim, era um pedacinho do meu coração ali ao alcance das minhas mãos. Fiquei com ele o dia inteiro por dez dias, no décimo dia ele foi transferido para o hospital Biocor onde faria uma cirurgia cardíaca e foi ali que a nossa história chegou ao fim. A cirurgia foi bem sucedida e eu estava só esperando que ele se recuperasse para levá-lo para a casa e dar o primeiro banho, trocar a primeira fralda, sentir pela primeira vez no meu colo, mas uma infecção hospitalar interrompeu o meu sonho e eu tive, naquele momento que aprender a ser uma mãe sem um filho, de todas as coisas mais difíceis de aprender, essa é a que mais machuca. Eu só pude pegar o meu primeiro filho no colo depois de morto, não tenho palavras para descrever o que senti ao enterrar meu bebê.
       A partir desse momento minha vida foi se tornando um vazio muito grande, tive que lidar com o luto, com as opiniões equivocadas dos outros, com a falta e o vazio que ficou no coração, mas eu não pensava em outra coisa que não fosse engravidar de novo. Renato lutou muito contra a minha depressão, e me ajudou a erguer a cabeça novamente, acertamos nossas contas e conversamos muito sobre tentar novamente ou não. Eu procurei a minha médica e ela me pediu para esperar um ano, assim eu fiz e comecei a tentar uma nova gravidez, e adivinhem? Eu não conseguia, e surgiu a possibilidade de eu ter ovários policísticos. Parece brincadeira não é?!


      Eu chorei demais questionei a Deus e perguntei porque Ele havia me dado o gostinho de ser mãe para depois me tirar o meu filho e ainda me privar de ter outros, não encontrei respostas para minhas questões, mas Deus me surpreendeu! No dia 31 de dezembro de 2013 fiz vários testes de farmácia e todos indicavam positivo! Eu estava finalmente vivendo um sonho! 


 Hoje estou quase no oitavo mês de gestação está tudo bem com o Gabriel, (Escolhemos esse nome porque na bíblia Gabriel é o nome do anjo que leva as boas novas), estamos com o coração em festa, todas as consultas foram tensas, chorei muito quando os médicos disseram que ele era perfeito. Vivi intensamente cada segundo dessa gravidez, comi bem, dormi bem, fiz muitas fotografias comprei tudo o que eu quis, montei um quartinho com muito amor, fui a feiras de gestantes, fui e tenho sido feliz!
      Eu ainda sofro a perda do meu Miguel, tenho sua imagem nítida em minha memória, não consigo explicar o amor que sinto por ele mesmo que ele não esteja aqui em meus braços. Tiveram momentos em que me senti mal por estar curtindo essa gravidez de maneira muito inversa à gravidez do Miguel, mas eu aprendi a viver esse momento de maneira única e especial, nada que eu faça vai retroceder o tempo, então decidi viver fazer disso algo único e especial. Imagina se eu não levanto a minha cabeça e me deixo abater? Com apenas 26 anos de idade e toda uma vida pela frente, teria perdido muito do que Deus reservou para mim. Hoje as coisas que eu tenho que aprender são mais fáceis, aprender a confiar em Deus, a esperar o tempo certo de todas as coisas, a ser feliz independente do passado, a amar duas pessoas com a mesma importância mas de maneira diferente...
    Para finalizar, há poucos dias postei um texto em minhas redes sociais falando sobre o meu momento mágico e uma moça com quem eu pouco convivi, mas que acompanhou a minha história, me chamou em uma conversa privada e me disse que há um tempo atrás havia perdido seu bebê, e ela me agradecia por ter exposto minha história e dizia que mesmo sem ter consciência eu a havia ajudado muito, e que foi a minha experiência que a ajudou a se levantar e a tomar a decisão de ser feliz de novo!
     Imagina o meu alívio ao ler isso? Fiquei realmente feliz, emocionada e penso que se tudo o que eu vivi servir de apoio e gerar esperança em outras pessoas, terá valido a pena. Deus sabe o tempo certo para todas as coisas, devemos confiar que Ele fará o melhor em nossas vidas. Ele é a nossa esperança!



Quando o Gabriel nascer mando uma foto dele..."
   

Comentários

  1. Lídia você é uma mulher muito forte ! Sua história me emocionou e me alegrou por você ter conseguido se fortificar em Deus ! Que seu filho Gabriel seja um menino iluminado !

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  2. Que testemunho edificante Lidia, Renato. Existe momentos na vida da gente, que parece impossível sonhar os sonhos de Deus mesmo, esperar nele então! Mas a experiência de vcs, me mostra que o Senhor nos ama incondicionamente, e tem sim o melhor reservado pra nos. Toda felicidade do mundo pra vcs, parabéns pelo principizinho! Gloria a Deus que merece toda honra e Gloria sempre!

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